Quando penso em patrocínios, principalmente aqueles que demandam um investimento grande, logo me vem a cabeça o marketing de emboscada.
Esta é uma ação feita pelos seus concorrentes para surfar na mesma onda que sua empresa pagou para estar.
Me lembro de chegar a um congresso mundial, sobre cartões de crédito, que tinha a VISA como patrocinador master, e na imigração do aeroporto de New Orleans, cidade sede do evento, um enorme out door interno do AMEX:
‘IF YOU HAVE A GREEN CARD, YOU DON`T NEED A VISA”.
São inúmeros os exemplos que colecionei nestes anos de atuação.
Mas quero me referir hoje, as questões relativas a emboscadas nos Jogos Olímpicos. É fato que existem uma quantidade enorme de outros exemplos também. Mas convenhamos, as emboscadas, em muitos momentos, são construídas de uma forma muito inteligente e eficaz. Afinal trata-se de algo que o próprio significado define.
O que me chama muito a atenção é a zona de conforto que é criada por organizadores destes eventos e a falta de visão de alguns patrocinadores, em relação a este ponto, já tão conhecido.
Nos Jogos do Rio me impressionou, inclusive entre os patrocinadores brasileiros, a ignorância de saber exatamente o que foi comprado e quais os direitos envolvidos. Claro, conta-se o milagre, mas não o santo.
Para se ter um trabalho consistente em relação a esta arma da concorrência, é fundamental estudar o que realmente são os seus direitos, explorar as oportunidades, e realizar um planejamento que seja eficaz em relação as metas da empresa que você representa. E ponto final. Faça o seu trabalho de modo competente. Use tudo que tem direito. Mas, principalmente, foque todo o seu esforço. Verbas, como bem sabemos são finitas.
Durante o período que representei um patrocinador, junto a Rio 2016, desde a primeira conversa interna, tínhamos a clareza de que no planejamento de marketing precisávamos prever todas as ações, mesmo estando em 2011 e os Jogos acontecendo em 2016. Isto tornou o número a ser aprovado internamente muito grande. Mas era a visão exata do que precisava ser feito.
Ok, mas o que isso tem haver com marketing de emboscada?
Posso afirmar a vocês que, o primeiro caminho para não ter de enfrentar emboscadas, é você se planejar. Saber o que vai fazer. Ter clareza dos riscos. E compartilhá-los internamente.
Lembrem o que diz a lenda: Santo de casa não faz milagre. Se ocorrer uma ação desta natureza, e ela for inteligente o suficiente para colocar em cheque seu posicionamento, diria que você tem um problema. E dos grandes.
Não terceirize essa questão. Achar que, durante os Jogos Olímpicos, o comitê organizador dará conta de resolver todas as pendências, é uma atitude no mínimo ingênua e preguiçosa. Você é quem defende a sua empresa. E só você.
Três passos importantes a serem levados em consideração:
1 planeje os recursos da cota de patrocínio;
2 planeje os recursos para fazer uso do patrocínio, com ações efetivas, em todos os aspectos que tenha direito;
3 nunca, acredite que qualquer instituição patrocinada vai, sozinha, resolver esta questão. E é muito simples. Depois que um concorrente produziu e veiculou uma ação, não é possível entrar na cabeça do consumidor, e exigir que ele esqueça.
Como aprendi com os ingleses, em Londres 2012: “Do your job first”.
É isso pessoal.
Seja assertivo.
Seja o primeiro.
Pense e planeje seu investimento, do início ao fim.
Defina claramente as metas.
Lembre que os outros patrocinadores também são seus concorrentes, mesmo em atividades diferentes, na busca da atenção e lembrança do consumidor.
Acredite, fazer o seu trabalho, é o melhor remédio para marketing de emboscada.
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