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Foto do escritorLuiz Fernando Coelho

Sexo, denúncias e vídeo tape: tudo de muito mau gosto

Cada vez mais patrocinar transforma-se em um exercício de entendimento, reflexão, pesquisa e segurança de com quem e com o que a empresa está se relacionando. Recentemente, vimos uma denúncia de trabalho em regime semelhante à escravidão em um grande evento de música em São Paulo. Claro está que quem patrocina se juntou a um processo pronto, no qual não teve nenhuma responsabilidade na contratação dos trabalhadores que lá estavam. Mas, também, o que precisa ser entendido é o quanto situações dessa natureza acabam contaminando a imagem dos envolvidos, na medida em que as marcas hoje tentam se aproximar o máximo possível de temas como inclusão, diversidade, ESG. Já existem situações em que a neutralização de carbono é um dos itens do briefing de concorrências, provenientes das áreas de compras e de eventos, mesmo que o projeto em si tenha pouca visibilidade no mercado.


Tudo certo até aqui, turma? Agora quero aprofundar um pouco mais o raciocínio que vai exatamente nessa direção – patrocínio e envolvimento das marcas. Um programa da televisão brasileira que hoje gerou muitos lucros aos envolvidos, o BBB 23, enfrentou uma crise de ética e bons costumes. Os expectadores, assinantes ou não, ao acompanhar a casa 24 horas por dia, tiveram a possibilidade de ver cenas de assédio sexual, ao vivo e em cores. A princípio, muito blá-blá-blá e nenhuma providência. Mas uma onda de pressão foi se formando. Patrocinadores insatisfeitos com os rumos que as coisas estavam tomando vieram a público manifestar sua discordância quanto à ausência de atitude da produção do programa. Se não houvesse uma decisão para resolver as questões éticas e morais, o patrocínio ao programa poderia sofrer baixas importantes.


O fato de os patrocinadores se mobilizarem exigindo soluções, e estas serem rapidamente colocadas em cena, nos traz a esperança de que começa um movimento em que patrocinadores passam a exigir providências em relação ao que rola no conteúdo daquilo que colocam suas marcas. Não teve jeito. As duas figuras envolvidas foram desclassificadas. As manifestações forçaram a emissora a se reprogramar para que a edição 23 não sofresse nenhum prejuízo. Parabéns aos profissionais que decidiram pela desclassificação. Numa situação desse tamanho é muito melhor agir, tomar a frente e resolver a questão. Isso, porém, não é comum. E lá vou eu voltar a um episódio que já comentei aqui, neste espaço.


Mas antes um fato novo está movimentando o futebol do Brasil.

Se não bastassem os dois atletas envolvidos em dois problemas desta natureza, agora temos mais uma discussão, importante em relação ao tema, mas há que se oferecer a oportunidade de manifestação aos envolvidos.


Agora temos uma torcida, de um grande clube brasileiro, fazendo pressão contra a contratação de um técnico que possui uma acusação na mesma linha da história anterior. As manifestações são grandes e a pressão, enorme. Vamos ver o que vai acontecer. Sinceramente, não sei dizer se aconteceu ou não, se estão certos ou errados, mas o ponto principal aqui é saber que acontecimentos dessa natureza estão cada vez mais sendo tratados abertamente e isso acaba influenciando decisões e comportamentos no dia a dia.


Por isso trago novamente esta reflexão, na medida em que o comportamento do atleta é de um absurdo tamanho que me causa uma profunda indignação o fato de não ter tido notícia de nenhuma punição. Por que os patrocinadores do futebol mundial não reagiram à atitude ridícula do goleiro argentino ao receber o troféu de melhor goleiro do Mundial do Qatar? Para aqueles que não lembram, o ser humano em questão, ao receber a “luva de ouro”, simplesmente a colocou em sua região genital, como se estivesse representando um grande pênis, que não só demonstrava ser ele o melhor em sua posição naquele torneio como também afirmava sua masculinidade diante de todo mundo que assistiu àquela cena.


Como eu disse no artigo anterior, se sou dirigente, dou cartão vermelho. Recolho o troféu. Elejo outro. E ainda coloco o cara no gancho, suspensão sumária por atitude inconveniente. No entanto, a vida seguiu. E, não satisfeitos com aquela homenagem tratada com tanta falta de respeito, ainda vimos o atleta ser premiado como o goleiro da seleção mundial da temporada de 2022. Eu não consigo entender. Que péssimo exemplo estamos oferecendo ao mundo! Mas, ok, não sou dirigente esportivo, então não sou o mais indicado para escrever sobre esse aspecto do fato. Sou um profissional que trabalhou com marketing, patrocínios e outras ferramentas. A total omissão dos patrocinadores da FIFA, da AFA, do clube onde ele joga me deixa estarrecido, pois me parece que, na medida em que se omitem, passam a ser coniventes com os atos cometidos.


Meus amigos, precisamos ser mais contundentes em nossas atitudes quando casos assim acontecem. Sem falsos moralismos. Essa certamente não é uma atitude que possamos admitir ou julgar que foi sem querer.


Me lembro de um filme, do Comitê Olímpico Internacional, mostrando a diferença entre inimigo e adversário. Nessa linha de pensamento, você só se torna um vencedor quando reconhece que, naquela ocasião, o vencido foi seu adversário, e por isso devemos honrá-lo. Amanhã pode acontecer exatamente o contrário, e essa é a grande beleza do esporte. Vencidos e vencedores não devem, ou não deveriam, se valer desses momentos para se autoafirmar, em nenhuma direção. Vencer é atingir objetivos, depois de muito trabalho, esforço e dedicação. Principalmente no esporte.


Queridos leitores, gostaria de ouvi-los em relação ao ocorrido na premiação da Copa do Mundo. Me ajudem a ter um entendimento mais geral do fato em si, e compartilhem suas ideias.




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