O que muda para nós, se não tentarmos fazer nada diferente?
As segundas continuarão a cair nas segundas, as terças, nas terças e assim iremos, até 2024.
Me parece que, em termos do esporte que o brasileiro mais adora, os rumos irão continuar os mesmos.
Perdemos nosso Rei.
Nossa seleção não tem, hoje, um direcionamento.
Estamos correndo contra o tempo.
Digo isso por um único motivo: perdemos a Copa de 2022, do mesmo jeito que aconteceu em 2018.
O volante não conseguiu parar o contra-ataque.
Voltamos para casa.
Tudo isso, para chegar na questão da escolha do novo treinador da nossa seleção.
Estamos assistindo um filme que, para nós, é uma reprise maldita.
Total silêncio.
Especulações vindas de todos os lados.
Uma saída melancólica, que encerrou um ciclo, talvez não tão brilhante, mas muito vitorioso e com uma pessoa especial à frente.
Claro que, nos 215 milhões de técnicos em nosso país, não existe consenso quanto a isso.
O trabalho feito na CBF com esta seleção teve um planejamento e uma execução de primeira grandeza.
Houve erros?
Claro que sim. Mas isso é do jogo. Não se pode acertar absolutamente tudo.
Se o Brasil tivesse ganho o torneio, teríamos uma valorização deste planejamento, enorme.
A pergunta é, o que vamos aproveitar? Eu, se tivesse a missão de planejar o próximo ciclo, tomaria algumas atitudes diferentes.
1. Próximo treinador. De cara, divulgaria um perfil. Sim, um perfil do que queremos. Como toda empresa faz quando tem que contratar. Se é estrangeiro, brasileiro, ou vem de Marte, não importa. Importa o pensamento estratégico que a Confederação tem para o futuro.
2. Não deixaria o Tite e sua comissão técnica irem embora, sem que fosse feito, pelo menos um workshop presencial, interno, completamente fechado, com a nova comissão técnica. No mínimo, garantiríamos a possibilidade de cometer erros novos e diferentes.
3. Tite, foi muito transparente, quando avisou que sairia, depois de mais de 6 anos de trabalho.
Ótima postura. Desta forma poderíamos garantir uma passagem de bastão muito detalhada e com muita consistência.
4. Não faz nenhum sentido, colocar o presidente da instituição, à frente da imprensa, dizendo que ele vai decidir. Ou seja, tomar para si uma responsabilidade que não é só dele. Não deveria ser, pelo menos, pois a CBF é uma das entidades esportivas mais importantes deste país.
5. Falta treinamento de gestão; pelo menos é o que parece. Em todos os níveis. E isso vale para nossos atletas principalmente. Esses caras passam por mudanças completamente difíceis de se encarar. Vão de um polo a outro, em muito pouco tempo. Uma hora moram na periferia, e logo a seguir vão morar num bairro chique, em Londres. Pegavam um busão para ir treinar; passam a ter um Porsche; ninguém os procura, são assediados pelo mundo.
6. Faria mídia training com todos, quem sabe o discurso sairia melhor; Além disso, ensinaria a cantar o hino Nacional Brasileiro e ter a posição correta de respeito.
Espero que tenhamos, não uma decisão rápida, mas sim, uma tomada de posição madura, consistente.
É verdade que, qualquer caminho terá imperfeições e sofrerá críticas. Posso afirmar que, se a decisão for baseada em um conceito, divulgado a priori, háverá possibilidade de ter mais apoio do que crítica, melhorará bastante, na hora de divulgar o nome.
Lembro claramente, quando colocaram o João Saldanha como técnico. Na primeira entrevista ele escalou o time, que afinal foi quase 100%, o que jogou na Copa de 70, titulares e reservas.
Na época o Brasil chegou a ter 4 seleções diferentes: a verde, a azul, a branca e a amarela. Que ideia péssima.
Esta é a minha sugestão. Antes do nome, o perfil.
Se for quem mais ganhou títulos importantes nos últimos anos, Abel Ferreira.
Se for um treinador jovem, com ideias de jogo que te levam a um estado de constante emoção, Fernando Diniz.
Outra possibilidade é um cara que se acha muito mais do que é, Jorge Jesus.
Se o perfil for, um sujeito que teve pouquíssimo tempo, arrumou um time que não vinha bem e venceu 2 títulos seguidos e, muito importantes, Dorival Junior.
Se a opção for um técnico que faz tempo dirige um time, ainda sem a expressão dos grandes da série A, mas com grande sucesso, Juan Pablo Vojvoda.
Isso para falar somente daqueles que atuam aqui.
Tracem o perfil.
Depois escolham.
Quem sabe em 2026 possamos perder a Copa na final?
Calma gente. Erros diferentes, lembram.
Comments